Catarina Santiago Costa (Lisboa, 1975) é licenciada em Filosofia. Escreveu Estufa (2015), Tártaro (2016), Filha Febril (2017) [Douda Correria] e Oxigénio (2022), [Flan de Tal]. Participou na Enfermaria 6, Diversos Afins (Brasil), Flanzine, Cidade Nua, Revista Gerador, Luvina – Revista Literária de la Universidad de Guadalajara (México) e Suroeste – Revista de Literaturas Ibéricas. Nos dias que antecipam a sua participação n’ A Secreta Vida das Palavras, esteve à conversa com Nuno Miguel Guedes para uma breve entrevista.
- Eis a pergunta clássica: que utilidade, se alguma, tem a poesia?
A poesia serve para calcorrear micro-mundos, universos assentes num só corpo, serve para viajar num eixo que é um feixe e já não saber distinguir o individual do universal. A poesia serve para perder o chão e redescobri-lo com a bacia. A poesia olha para o umbigo como para o abismo e para o abismo como para o chão onde embaterá com a bacia. A poesia é a bacia do poeta e do leitor.
- Existem temas recorrentes na sua poesia? Quais? Porquê?
Existem, a maternidade, a liberdade, o sexo, a sociedade de consumo e a morte. De repente, são estas as recorrências que detecto.
- A que outras vozes – leia-se outros poetas – recorrem mais?
Emily Dickinson, Regina Guimarães, Miriam Reyes, Margarida Vale de Gato, Sharon Olds, António José Forte, António Franco Alexandre…
- O que é isso de ser poeta? Algo misterioso e distante, apenas um ofício… O que é?
É um modo de comunicar.
- A vossa participação na Secreta Vida das Palavras traz alguma mudança na forma como escrevem? De que forma?
Suponho que passarei a ter uma visão mais profunda sobre a temática do “habitar”, raiz fasciculada de tudo o que existe.
Fotografia de Valério Romão