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MOON – Festival Internacional de Videopoesia // Programa

18/10/2024 | 18:30 - 19/10/2024 | 23:30

 
O MOON é um festival internacional de videopoesia dedicado à linha ténue entre a palavra falada e a imagem em movimento, entre o cinema e a poesia, entre o som e as paisagens. As rimas e os ritmos de um texto, quando convertidos para a linguagem cinematográfica, ganham diferentes camadas em termos de conteúdo, estética e forma.
 
Neste evento integrado no MAP – Mostra de Artes da Palavra, pretende-se explorar a videopoesia como um corte transversal da arte poética, que o filme utiliza para criar arte transmédia. Ao longo de dois dias, serão assim exibidas no Templo da Poesia várias obras nacionais e internacionais seleccionadas a partir de um open-call aberto a todo o mundo, e que serão premiadas no dia 19 de Outubro. O programa do MOON – Festival Internacional de Videopoesia inclui ainda uma conversa entre realizadores, uma mostra de filmes e um cineconcerto. 
 
 

18 Outubro

18h30 | Competição – Sessão #1

“AMAPOLA”, de Alina Tofan e Lesia Kvitka (3′ 17”)
Poderíamos finalmente encontrar-nos quando personificássemos outras entidades não humanas. Esta é a história de amor entre uma papoila e uma pedra, e a nossa viagem: Alina Tofan, Alberto Mon Real, Lesia Kvitka e Alec Ilyine, explorando a bela paisagem de Salamanca, Espanha.

“Carne viva”, de Teresa Nabais, Gaarbo e Rui Correia (2′ 01”)
O videopoema “Carne viva” pretende significar-se como uma rejeição e como uma serventia em simultâneo. Rejeição de que, em matéria de direitos da mulher, já vamos estando conversados e de que já tanto se fala sobre violência doméstica que não vale a pena insistir “na cepa torta” ou “chover no molhado”. A realidade estatística demonstra o contrário. Morrem mulheres às mãos dos homens às dezenas em Portugal em cada ano. A luta continua, também aqui. “Carne viva” representa uma serventia porque enaltece aquelas mulheres que se erguem contra esse fascismo íntimo, doméstico a que tantos homens se arrogam. Há combates cegos que não se travam “olho por olho”. Existem pesadelos indispensáveis para que se conquiste o futuro, a civilização. A vitória é, neste domínio, um deles.

“Conto I”, de Catarina Vilaça (3′ 54”)
Era uma vez um nada que vivia no meio das formas. A vida do nada era relativamente feliz, não era muito, era relativamente. Não ria mas também não chorava. O meio termo é importante! Na sua vida só havia coisas essenciais. Não acreditava em formas demasiado elaboradas, movimentos demasiado rápidos, cores demasiado misturadas!  Certo dia, quando estava a descansar, vê uma forma preta e espessa da janela do seu habitat. Nunca tinha visto nada igual. Essa forma era o Tudo, Tudo o que existe sem existir ali. Tudo e Nada conversam e trocam impressões, ambos com as suas complexidades aparentemente distintas. 

“Fruta Tocada por Falta de Jardineiro”, de Pedro Sena Nunes (9′ 13”)
Expressar-se faz parte do ser humano. A água enquanto fonte de uma vida impossível, embala e consolida a figura de uma jovem mulher. Paramos para escutar um futuro escrito a quatro mãos. O magnetismo da vigilância da natureza, em última análise, amanhã o trabalho recomeçará.

“ENCONTRO”, de Emilene Lima (1’)
Leitura de corpo inteiro por Emilene Lima, a partir de um poema de Maria Teresa Horta.

“Hotel Gnosis”, de João Meirinhos, César Sousa e J.C. Lopes (6′ 11”)
“Assim, tudo é um sonho sonhado por outro sonho consecutivo, e assim por diante, até ao infinito.” – Stanislaw Lem.

“Eyrie”, de Eni Derhemi (5′)
Um “eyrie” refere-se ao grande ninho de uma ave de rapina, normalmente construído num local alto, como um penhasco ou no topo de uma árvore alta. Pode também descrever qualquer lugar alto, isolado ou inacessível, sugerindo muitas vezes uma sensação de grandeza ou isolamento. Inspirando-se nas paisagens naturais e espirituais únicas da região mais isolada da Islândia, os Fiordes Ocidentais, “Eyrie” explora a interligação entre os seres humanos e o ambiente. Procura evidenciar as preocupações relativas ao estado atual da Terra e da natureza, convidando à reflexão sobre tais temas através de uma lente poética.

“Pensamientos oxidados”, de Filipe Amorim (2′ 47”)
Um wannabe neo-beatnik vagueia por terras espanholas e deambula sobre pensamentos antigos, enferrujados dentro de si.

“das águas💐”, de Sara e Tralha (5′ 59”)
Uma casa feita por todas, à medida dos nossos corpos. As mãos arrastam-na, quando o mar sobe. Há sempre espaço para mais uma. Somos feitas de remendos. 

“Viaja na Palavra”, de Gilson Barreto (aka Dela Mantra) e João Meirinhos (2′ 49”)
Como é que fenómenos sociais se incorporaram inextricavelmente em paisagens habitadas? E como é que ambientes arquivam comportamentos, crenças e sistemas representacionais endémicos? Em última análise, como é que  somos percebidos pelos outros e como os outros se percebem a si mesmos?

“MUDANÇA”, de Ana Bel Golim (4′ 46”)
Num mundo onde crescemos e nos transformamos com o tempo, mudar é um processo que pesa a todos. Nesta curta metragem, filmada com um iphone, no Rio de Janeiro, a autora Ana Bel demonstra visualmente qual o poder da palavra através da imagem. De como uma selecção, um corte, um som, uma expressão, pode acrescentar a um texto. Mudança é uma dança que pode vir muda.

“Welcome”, de Wilson Cavalheiro (3′ 12”)
Welcome é um videopoema hipnótico que explora os temas de deslocamento, conflito e perda de humanidade no conflito-Israel-Palestina. Enquanto um rosto esculpido em areia se desintegra lentamente, uma voz narra um retrato inquietante de assimilação forçada, militarização da vida cotidiana e a gradual erosão da empatia. À medida que as palavras fluem, o rosto de areia se desfaz, simbolizando a dissolução da identidade e dos ideais do protagonista. Esta obra poderosa questiona as noções de pertencimento, dever e o custo humano das fronteiras, tanto físicas quanto psicológicas.

“Heterofonia”, de Afonso Mota (13′ 40”)
Um rapaz e uma rapariga conversam juntos, na cama, sobre a possibilidade de estarem dentro de um sonho. O rapaz partilha com a rapariga um pesadelo recente, onde ela lhe rouba um olho. A rapariga assegura-lhe de que os seus medos não são reais, garante-lhe que não está num sonho. De repente! Tudo fica negro. Sniff, sniff, sniff. Alguém começa a cheirar. O rapaz terá que se guiar pelo som e pelo cheiro. Um coro de grilos falantes surge rompante para o ajudar a encontrar o caminho de volta.

“Nacida de la Tierra”, de Yola Balanga (5’24”)
Este projeto é  sobre recomeçar depois de dar vida e entender acima de tudo que é um recomeço e não uma continuação. é uma redescoberta como pessoa, como indivíduo, como artista, mulher, africana e principalmente agora como mãe. Somando a isto o corpo intemporal, o espaço e o renascimento e criação, vejo também este videopoesia como uma procura de aceitação, em relação à minha individualidade “partilhado”.

21h30 | Competição – Sessão #2

“A Goiva”, de Alexandre Amado (15′)
Uma mensagem misteriosa é enviada mundialmente, atravessando as fronteiras do tempo e do espaço. Fragmentos do passado, presente e futuro… Poderemos aprender com o passado e salvar o nosso futuro comum? Por meio de uma fusão de ficção científica, drama, poesia e dança, “A Goiva” não é apenas uma experiência cinematográfica, mas um apelo à ação – um empreendimento artístico que busca despertar a consciência e inspirar um diálogo transformador, e que procura lembrar que o poder de mudar nosso destino está em compreender nosso passado e agir com convicção no presente. Em suma, este filme visa promover a reflexão e inspirar o público a pensar profundamente ​sobre o mundo em que vivemos e aquele que estamos a construir, bem como ​sobre a importância de respeitar os direitos humanos e a urgência de agir ​diante das mudanças climáticas.

“Quando o sol beija a terra”, de Tiago Moura e Sofia Nunes (5′ 14”)
Ao cair de noite a mente vagueia, sente-se a saudade, intensifica-se o sentimento de ausência provocado por quem partiu para outro plano. Quase sessenta anos de boa convivência, são a medida exacta para entrelaçar duas vidas numa só existência, praticamente indissociável. É no fecho do dia que se questiona a possibilidade de continuidade, de caminhar nessa ausência, de permanecer nesse movimento que parece agora incompleto. A mente continua a sua busca de forma permanente e incessante, numa tentativa de recuperar um passado que se sente tão presente.

“O Voo do Rouxinol”, de Ustad Fazel Sapand (5′ 37”)
O sofrimento e a esperança das mulheres afegãs são o motor desta peça. Fazel escreveu estes versos depois de falar com a sua irmã Bahar, cujo nome significa primavera, mas que nos últimos anos parece ter perdido esse significado. O rouxinol, que era um símbolo de amor e liberdade é agora uma mulher presa, e o Afeganistão, que era um jardim verdejante, é agora uma gaiola sombria. É tempo de resignificar o mundo possibilitando a libertação, lembrando às mulheres afegãs atrás do véu a imensa força que há nelas, comunicando ao mundo que até o som das suas vozes foi proibido, como o da música. As palavras persas em azul procuram a liberdade na pele dela; um rubab, símbolo da música afegã, geme sobre uma árvore morta, um mundo que não escuta; um refugiado que só consegue comunicar-se com a natureza acaricia uma oliveira do país longínquo que o acolhe, mas com o espírito ainda a pairar no país que o viu nascer e ao qual não pode voltar; esse mesmo homem dança com um vestido vazio que simboliza o desaparecimento da mulher na sociedade afegã… mas ela consegue escrever na pele dele a palavra Azâdi, irmã da nossa liberdade.

“A dança é como eu falo”, de Cátia Almeida (2′ 44”)
Um cine-poema dedicado à dança, onde o corpo e o movimento se fundem e se sobrepõem às palavras. Aquela que dança à beira mar elege o movimento como linguagem primordial e natural, deixando o seu corpo fluir na consonância da Natureza.

“Mulheres-milhafre”, de Diana V. Almeida, Francisco Rebelo e João Pinto (2′ 49”)
Uma boa mulher nasceu para servir seu esposo, para criar filhos lindos e limpar o pó aos móveis. Uma boa mulher vive em doçura feliz na gaiola dourada do lar, sonhando cuidar da família sorridente. E se esta ficção fosse quebrada e as donas-de-casa se transformassem em aves de rapina, prestes a voar, vingando a sua opressão milenar? Recortes do rosto angélico de fadas do lar unem-se aqui a corpos emplumados, criando graciosos híbridos, que cruzam a vastidão dos céus. E a palavra implode a ordem patriarcal.

“FRAGMENTAL”, de ARTNOCOD (1′ 49”)

O videopoema explora o paradoxo da solidão na era digital. Num mundo hiperconectado, muitos se sentem isolados, incapazes de formar conexões genuínas. A obra retrata o desalento daqueles que navegam pelo vasto oceano da internet, mas não encontram um porto seguro. Os caracteres compõem um rosto vazio e fragmentado, simbolizando a dicotomia entre conexão virtual e desconexão emocional. O poema questiona: em meio a tantos links, por que nos sentimos tão desvinculados? Uma reflexão visual sobre a busca por significado na era da informação.

“Sai de Caixas”, de Carlos Portalegre (3′ 58”)
Um velho sábio envia uma mensagem ao cidadão, alertando para o perigo da falta de sentido crítico, do conformismo e do comodismo. É urgente sair das caixas, de todo o tipo de caixas!

“Mirror”, de Nuno Serrão (2′ 38”)
A vida, tal como o tempo, é uma experiência correlacionada com o ponto de vista do observador. E por um breve momento de coerência no caos da mecânica quântica, surgimos para que o universo pudesse explorar o intangível. Uma série de vinhetas que exploram o conceito de efeito observador na física, utilizando-o como metáfora da forma como percepcionamos o mundo. Através destas vinhetas, o filme explora a observação, a percepção e a interligação de todas as coisas, fazendo-nos questionar o efeito observador e como este pode moldar a nossa realidade, tanto individual como colectivamente.

22h30 | Mostra – Ideogramma

Fundada em 2006, a Ideogramma é uma organização cultural sem fins lucrativos dedicada à promoção da literatura cipriota. Esta plataforma pertence à rede europeia Versopolis e tem como objectivo apoiar todas as línguas e dialectos e, por associação, as pessoas que os falam, enquanto proporciona um intercâmbio cultural entre a cultura cipriota e internacional.

  • “To Ergastiri”, de Avgi Lilli e Minas Christopoulos (58”)
  • “Orygmata”, de Constantinos Papageorgiou e Constantina Chrysostomou (1’39”)
  • “Amfivios tou Antoni”, de Euphrosyne Manta-Lazarou e Marina Georgiadou (1’58”)
  • “Sto Muenster”, de Lily Michaelidou e Panagiotis Eftychiou (2’14”)
  • “Lullaby”, de Thomas Tsalapatis e Stefanos Savva (2’44”)
  • “Chartis”, de Pambos Kouzalis e Nikki Georgiou (2’09”)
  • “Anastassi”, de Giorgos Christodoulides e Constantinos Stavrou (1’48)
  • “There is always soap”, de Alexandros Chronides e Christaleni Iakovou (2’57)
  • “To metaxi”, de Andreas Timotheou e Eleni Kamarligkou (2’21)
  • “untitled”, de Avgi Lilli e Nicoletta Christodoulou (34”)
  • “Hermaphrodite”, de Tuğçe Tekhanli e Polymnia Panagi (2’30”)
  • “Lathrometanastes”, de Constantinos Papageorgiou e Vasiliki Charitou (1’27)

19 Outubro

15h00 | Competição – Sessão #3

“Peça com Defeito”, de Suiá Burger Ferlauto (5′ 58”)
“Peça com Defeito” é uma série de video-poemas filmados com câmera digital. A palavra “peça” é multifacetada, podendo designar tanto um pedaço de algo quanto uma  obra artística, um imperativo, uma impostura. Pode ainda designar jogo, brincadeira. A série faz parte da pesquisa na qual exploro a linguagem como uma matéria que não pode ser domesticada. Cada peça é o resultado de um modo de operar pelo acaso e livre associação que esboça discursos “algo” rítmicos, aparentemente sem sentido, mas cheios de possíveis significados. Exploro a fragmentação e recontextualização das palavras impressas, como se faz nas “cartas de ameaça” para se manter o anonimato, sempre em busca de uma fala aberta, poética e absurda. No centro dessa prática, há uma vontade de borrar os limites daquilo que se forma, reforma e informa enquanto discurso, onde “poética” é tanto uma maneira de escrever como uma atividade, e denota o nascimento de algo que não existia antes. Baseia-se em uma gama variada de áreas de conhecimento: artes visuais, artes performativas, poesia, literatura. A pesquisa remete também à experiência de reconstrução e adaptação de imigrante que enfrenta a necessidade de aprender e integrar novas linguagens, lançando mão de recursos como a improvisação e a invenção, processo que simboliza meu recomeço como artista.

“poeiras & traças”, de Karla B. Rezende (1′ 24”)
Em um calor seco, a poeira que cobre as velharias de casa abraçam memórias e revelam sonhos. As traças abrem buracos nos livros e na alma. Videoarte produzida para compor visualmente a poesia “poeiras & traças” de autoria da escritora Karla B. Rezende.

“um negro está perdido”, de Letícia Simões (5′ 50”)
A partir das fotografias de um refugiado em fuga, um poema e uma paisagem se encontram. 

“How Couldn’t I”, de Ísis Silva (3′ 38”)
Acompanhamos uma rapariga na sua rotina matinal, em que acorda, sai de casa e apanha o barco. Esta rotina faz-se de pensamentos e memórias, às quais nos vai guiando ao longo da curta. “How Couldn’t I” pretende criar um ambiente próximo, mas longínquo, muito pensativo, mostrar os pensamentos como algo palpável, como se pudéssemos ouvir e ver tudo o que a protagonista está a pensar.

“Hollow Seeds”, de Diogo Martins e João Melo (5′ 06”)
Hollow Seeds é um vídeo-poema construído em torno das ideias de extração, identidade e digitalização. É parte integrante da instalação audiovisual e escultórica Undercurrents desenvolvida pelos artistas Diogo Martins e João Melo, que reflete sobre a dimensão do extrativismo nos dias de hoje, traçando um paralelismo entre a exploração de recursos minerais e a extração e prospecção de dados no plano digital – data mining. O corpo base deste trabalho desenvolve-se a partir da recolha de imagens em antigas escavações de volfrâmio na Beira Interior de Portugal, nomeadamente na aldeia da Panasqueira, Cabeço do Pião e Serra da Argemela. Com recurso à fotogrametria e animação 3D, propõe-se uma experiência imersiva que procura captar a geologia digital e emocional que modela a nossa identidade e livre arbítrio.

“Olha Bem”, de Sofia Pires (1′ 16”)
Olha bem e presta atenção, a amizade pode esconder-se atrás da mais cerrada escuridão. 

“Melancholy, noun”, de chamæleon (2′ 21”)
Este videopoema nos leva a uma jornada emocionalmente carregada através de um ambiente urbano noturno. Com linguagem fragmentada, acompanhamos a busca de um encontro em um bar, misturando sensações de embriaguez, melancolia e desejo. Imagens surreais se entrelaçam com emoções cruas, criando um mosaico de experiências que oscilam entre o doce e o amargo. O jogo de palavras final desconstrói “melancólico”, ecoando o estado de espírito do narrador e sublinhando temas de solidão e busca por conexão na cidade moderna.

“Metamorfose de Uma Identidade”, de Laura Bosne, Mafalda Cruz, Miguel Lobo e Mateo Correia (10′ 48”)
Laura é uma cidade habitada por dezenas de lauras; um bosque povoado por monstros e uma praia junto à margem dela própria onde as sereias acham que os humanos não existem. Laura e os seus eus de si, precisam de mudar. Sabem que não querem permanecer aqui, mas desconhece-se para onde querem ir. Laura, sem que o consiga aceitar completamente, reconhece que não quer levar consigo todas as (suas) lauras: as lauras que foi e aquelas que nunca chegou a ser. Atrevo-me a dizer que, talvez, não queira levar nenhuma. Quer ir, apenas ir. Fugir de si mesma e ficar sozinha com seu o último “eu”. Despedaçá-lo subitamente para que possa ficar apenas na companhia da sua própria solidão; sozinha com a solidão. Uma de cada vez, Laura extrai as suas lauras. Para que as possa ver e abandonar. Talvez com elas do seu lado de fora seja mais fácil existir. Na solidão perfeita do nada, esvaziada de si. Quer o vazio que a dispensa dela mesma e sabe que é esse o sítio onde o sítio já não interessa.

“Dois pássaros a voar, mais vale”, de Mariana Sendim (15′)
Tive há algum tempo um sonho em que me transformava num passarinho e voava. Quando olhava para o chão, no entanto, via a minha sombra humana a pairar de dedos abertos.

“ARROZ AFRICANO”, de Raul Ribeiro (3′ 53”)

Arroz Africano

Branco!
Branco, branco, branco, branco
muito branco, totalmente branco
de uma brancura alva,
o arroz Africano é branco.
É um arroz lavado

                                mas muito lavado.

Lavado uma e outra vez.
Muitas vezes.
A quantidade influencia em muito o sabor do arroz;
É coisa de família, muita, 
Lavagem
Grão. Muito arroz. Sacos enormes.
Pessoas. Muitas pessoas.
Quase todas pretas.
Almas, muitas almas.
O arroz de Africa tem muitas almas. É nosso.
É um arroz que não é doce, nem salgado, nem insonso.
Mas insonso também. Só o arroz
De Africa faz do insonso
Uma festa.
Tem cheiro! 
-Ah, a porra do cheiro.
E é solto, muito solto. Não é samba, mas o grão dança.
Água, arroz, sal e fogo de Prometeu.
Simplicidade. Quatro;
Sim – 4. Variáveis. Não é preciso logaritmo.
No entanto … ah esse entanto.
A arroz branco, o melhor, aquele que passas do lado esquerdo da boca para o direito, é o de Africa.
Como eu dizia, acordei a pensar no arroz branco de Africa e logo me lembrei de Ti. 

“O que vem depois?”, de Hanna de Oliveira Coelho e Orlando Pereira Coelho Filho (1′ 57”)
Um vídeopoema que desafia os limites da expressão verbal e visual, utilizando a técnica da tipografia cinética para dar vida às palavras. Cada verso é transformado em uma dança de letras e símbolos, acompanhando o ritmo e as emoções da poesia. As palavras criam imagens visuais. O poema é feito de uma criação conjunta entre um pai e uma filha, sobre a indagação do que vem depois da vida e uma reflexão sobre a finitude. 

“Ônn”, de Teresa Nunes (1′ 39”)
Video-poema em poesia sonora.

17h00 | Conversa
Lilián Pallares e Charles Olsen (antenablue), Marta Ângela e João Alves (Von Calhau!)
Com moderação de Nuno Miguel Guedes

18h30 | Mostra – Lilián Pallares e Charles Olsen (antenablue)
Lilián Pallares (escritora e actriz colombiana) e Charles Olsen (artista, poeta e cineasta neozelandês) formam a dupla antenablue “a palavra vista”. Os seus filmes de poesia foram exibidos e premiados em festivais internacionais de videopoesia e destacados em publicações online, tais como Moving Poems, Fotogenia, Poetry Film Live, ZEBRA, Atticus Review e blackmail press.

  • “Noho Mai” (5’33”)
  • “A-Dentro” (2’32”)
  • “Silencio gris” (4’06”)
  • “En una casa flota una nube” (17’30”)

19h00 | Mostra – Von Calhau!
Von Calhau! nasceu em 2006 no Porto. É a designação do corpo de trabalho desenvolvido em comunhão por Marta Ângela e João Artur nas formas irre e reconhecíveis de música, texto, artes visuais, performance. Tem vindo a apresentar o seu trabalho em locais como Palais de Tokyo (Paris), CCA (Glasgow), Cafe Oto (Londres), Sesc Pompeia (São Paulo), R.U. (N.Y.C.), Museu de Serralves (Porto), entre outros e publicado livros e discos em editoras como Kraak, Discrepant, Takuroku ou Culturgest, entre outras.

  • Fincipio
  • VM (5’56”)
  • A Condução Cega (6’45”)
  • EUlusionismo antilusionisTU (4′)
  • C.C.C.C.C. (3′)
  • Lanternacéfala (3’02”)
  • CLEAR (6’47”)
  • EXIT

21h30 | Entrega de prémios
Júris:

João Torres desenvolve atividade profissional nas áreas de concepção e produção da imagem visual para cinema e audiovisuais, fotografia e artes plásticas. Foi júri em festivais de cinema e audiovisuais e é membro da Academia Portuguesa de Cinema e da Direção de Arte Portugal.

Maria Giulia Pinheiro é Poeta, performer e pesquisadora da palavra escrita e falada. Autora com cinco livros publicados e slammer premiada internacionalmente. Foi júri de alguns prémios relacionados com poesia e vídeo-poesia, tais como o Prémio Oceanos e o MARXE – International Video Poetry Festival.

Zef Pinheiro é autor, realizador, artista visual e formador na área de televisão e cinema. Dedica-se também à direcção artística e visual de espectáculos ao vivo, coordenação de intervenção audiovisual em festivais de música e autoria de instalações audiovisuais.

22h30 | Cineconcerto com Tiago Sousa
Compositor, pianista e organista, que despertou a atenção e fascínio do público melómano com o seu discurso musical articulado entre a composição contemporânea e o minimalismo em álbuns como Insónia (2009), Um Piano nas Barricadas (2016), Oh Sweet Solitude (2020), Ripples on the Surface (2022) ou o mais recente A Thousand Strings (2024). Neste cineconcerto, a sua música será ilustrada por alguns clássicos do cinema experimental como “Lichtspiel” de Walther Ruttmann, “Thème et Variations” de Germaine Dullac ou “Le Ballet Mécanique” de Fernand Léger e Dudley Murphy.

  • Filme “Lichtspiel Opus I”, de Walther Ruttmann (9’26”)
  • Música “Spheres Dance”, de Tiago Sousa
  • Filme “Lichtspiel Opus II, III & IV”, de Walther Ruttmann (12′)
  • Música “Maar”, de Tiago Sousa
  • Filme “Thème et Variations”, de Germaine Dulac (9′)
  • Música “Reflections”, de Tiago Sousa
  • Filme “Étude Cinégraphique sur une Arabesque”, de Germaine Dulac (7′)
  • Música “Regather”, de Tiago Sousa
  • Filme “Le Ballet Mécanique”, de Fernand Léger e Dudley Murphy (18”)
  • Música “A thousand Strings”, de Tiago Sousa

Detalhes

Início:
18/10/2024 | 18:30
Fim:
19/10/2024 | 23:30
Categoria de Evento:

Local

Templo da Poesia
Rua José de Azambuja Proença 2780-257 Oeiras Portugal + Mapa do Google
Phone
210977437